quinta-feira, 13 de agosto de 2009


Eu nunca parei pra reparar no quão complicada é uma relação familiar. Muito menos em se tratando de laços fraternos. Toda a minha vida eu cresci com as pessoas elogiando o jeito como eu e minha irmã éramos, acima de tudo, amigas. Uma tia me disse uma vez que essa ligação tão forte [e o fato de que eu sempre demorei tempo demais para crescer] tem a ver com o retardamento que eu sofri quando minha irmã nasceu. Meus pais, provavelmente por conveniência (e eu espero que tenha sido por isso) me fizeram crescer junto com a minha irmã, ou seja, atrasei dois anos. Enquanto eu, com 18 anos, saía pela primeira vez pra festinhas com minhas amigas, minha irmã, com 16 fazia o mesmo.
Durante meus surtos de adolescente revoltada eu sempre falei que meus pais tinham uma preferência.. e não era eu. Agora, com 20 anos nas costas eu sou obrigada a agir com a idade que eu tenho. E eu não sei fazer isso. Sempre fui muito cobrada, sempre fui tratada como inferior, e sempre deixei isso passar.
O problema é que quando se deixa as coisas passarem elas vão se acumulando. É como arrumar o quarto.. primeiro é só a cama bagunçada, depois o chão já está cheio de coisas, até chegar ao ponto de o guarda roupa cair todo em cima de você quando você o abre. Uma hora alguém tem que arrumar. O ruim é que, em se tratando da minha vida, quem tem que arrumar sou eu. E eu já não sei como fazer isso. Eu deixei as coisas passarem, sempre esperando melhorar e hoje eu me encontro em uma situação horrível, onde minha irmã acha que é a mais velha e fala comigo e de mim como se eu fosse qualquer um dos amiguinhos que vão com ela ao reviver beber vinho na escadaria toda sexta à noite. E agora talvez seja tarde demais pra tentar impor respeito; principalmente quando os meus pais não me dão razão.
E é nesse ponto que eu volto ao começo do texto, sendo agora repetitiva: Eu nunca parei pra reparar no quão complicada é uma relação familiar. Pois eu vejo a minha relação de amizade com a minha irmã se acabando cada vez mais enquanto eu luto pra tentar ser uma mulher de 20 anos de idade e pela atenção dos meus pais. É muita coisa pra minha cabeça e às vezes eu só queria ir embora e fugir disso tudo, mas...

...fugir nunca foi a solução correta.


Vou me afogar nos meus pensamentos incolores, inodoros e insípidos que ocupam a minha mente vazia e infantil enquanto, mais uma vez, vejo o tempo passar e espero as coisas melhorarem. Afinal de contas, otimismo nunca acabou com a vida de ninguém..