sábado, 3 de julho de 2010

Sentada sozinha no balcão do bar, na mão uma taça com alguma bebida colorida [Na biologia, dizem que quanto mais colorido, mais venenoso. Talvez isso a tenha feito fazer tal escolha. Entendia um pouco de biologia, era o objeto de estudo da sua irmã.]. A sensação de tontura ou a confirmação de que o efeito do alcool tinha chegado a fizeram esboçar um sorriso discreto no rosto. Não era alvo de muitas atenções. Não tinha amigos no local, havia fugido de todos eles. Os cabelos vermelhos amarrados, o tubinho preto e o salto alto mostravam que ela havia vindo de algum outro lugar mais sofisticado, talvez uma festa de família.
Estava nervosa. Isso ficava perceptível a cada vez que olhava no relógio do celular cor de rosa. No auge da sua solidão e ainda na espera, fez uma ligação. Uma única chamada. E passou 10 minutos nisso. Ficou séria, riu, quase chorou e depois tornou a ficar séria e desligar o telefone.
A essa altura a bebida já havia acabado. Foi ao toilette e voltou com os cabelos soltos e a maquiagem retocada. Queria estar bonita. Precisava estar bonita.
Pediu outro drink. Acendeu um cigarro. E voltou a esperar...
A porta do bar se abriu. Era impossível pra ela não reconhecer aquele rosto, aquele corpo, aquele andar... Levantou-se do banco e correu na maior velocidade que seu salto alto lhe permitiu. Se jogou naqueles braços antes mesmo de saber se eles se abririam pra ela ou não. E sorriu.